Carta sobre a Mata Atlântica elaborada pela RBMA, RMA e FBOMS

02/06/2014

 

A Mata Atlântica é o bioma mais ameaçado do Brasil e o segundo do Planeta, globalmente reconhecido como prioridade para ações de conservação da biodiversidade, dos serviços ambientais e demais recursos naturais. Isso acontece não apenas por sua sociobiodiversidade inigualável, que está desaparecendo, mas também por sua importância para a manutenção da qualidade de vida de mais de 60% da população brasileira que habita seu território.

A deterioração do bioma, causada por um modelo de desenvolvimento que privilegia grandes projetos públicos e privados, planejados e implementados sem os devidos cuidados socioambientais, gera problemas como a perda de biodiversidade e dos serviços ambientais prestados pelos ecossistemas, como a regulação da quantidade e da qualidade da água.

O resultado mais visível dessa situação hoje na Mata Atlântica é a ocupação indiscriminada de morros e áreas de mananciais. Com isso, a população passa a conviver com enchentes e desabamentos em épocas de fortes chuvas e falta de água em tempos de seca, entre muitos outros problemas. Um retrospecto recente das consequências disso vão desde perdas econômicas – em um território que corresponde a 70% do PIB brasileiro – e de qualidade de vida nas cidades, até perdas de vidas humanas. É por isso que a situação crítica da Mata Atlântica tem mobilizado diversos setores da sociedade, que exigem ações e políticas capazes de assegurar sua conservação e restauração. No entanto, na contramão das necessidades, estamos vivenciando um grande retrocesso na política socioambiental brasileira, que impacta
negativamente tanto a Mata Atlântica como os demais biomas presentes no país.

Nesse contexto, nós, da Rede de ONGs da Mata Atlântica, da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, apresentamos dez ações fundamentais e emergentes para reversão das degradações e proteção do bioma.

1- Retomar a agenda de criação e implantação de áreas protegidas;

2- Regulamentar o Fundo de Restauração da Mata Atlântica (previsto em lei há
oito anos);

3- Estruturar de maneira adequada os órgãos responsáveis pelo cumprimento
do Código Florestal brasileiro (em vigor há dois anos);

4- Implantar, de forma qualificada, transparente e com participação social, os
instrumentos do Código Florestal brasileiro, como o Cadastro Ambiental
Rural, a restauração florestal e os incentivos econômicos e fiscais, para a sua
total efetivação;

5- Estabelecer um marco legal sobre Pagamento por Serviços Ambientais, em
consonância com o Código Florestal brasileiro e propor a criação de leis e
programas similares nos estados e municípios;

6- Criar programas, em âmbito federal e estaduais, de fomento a elaboração e
implementação dos Planos Municipais de Conservação e Recuperação da
Mata Atlântica;

7- Rearticular e fortalecer o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama)
como principal instrumento de gestão da política ambiental nacional, com
participação e controle social;

8- Estabelecer um plano de ação para o cumprimento e monitoramento das
Metas da Convenção da Diversidade Biológica (Metas de Aichi) voltadas para
conter as perdas de biodiversidade no bioma, envolvendo e fomentando os
estados e diversos seguimentos da sociedade;

9- Promover ampla discussão com a sociedade sobre megaempreendimentos,
públicos e privados, que impactam o bioma;

10-Integrar as Políticas Públicas, nas três esferas da federação, tais como
recursos hídricos, meio ambiente, agroecologia e mudanças climáticas, para a
conservação e preservação do bioma.

Seminário da Semana da Mata Atlântica – 24 de maio de 2014
Escola Municipal de Astrofísica, Parque Ibirapuera – São Paulo – SP

Carta Semana Mata Atlântica

Logomarca Gambá

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Reserva Jequitibá – Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, Serra da Jibóia, Elísio Medrado/BA