Fórum Social Temático em Salvador discute política energética

19/07/2014

Diversas organizações da sociedade civil estiveram reunidas no SINDAE, em 18 de julho, para discutir os impactos socioambientais e impasses da política energética do país sob o mote “Energia pra quê, quem e como?”. O encontro foi um espaço para articulação e preparação dos atores locais para a participação no Fórum Social Temático Nacional, a ser realizado em agosto, em Brasília. Tanto o fórum temático em Salvador quanto o nacional se inserem no processo de construção do Fórum Social Mundial que contará com 40 eventos do tipo em todo o mundo.

O encontro começou com Ivo Poletto, do Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social defendendo um modelo de produção energia que seja mais descentralizado, eficiente e aberto à participação da sociedade civil e ao atendimento das demandas locais. Ele citou como exemplo de produção descentralizada o projeto Brasil Solair em que unidades residenciais do Minha Casa, Minha Vida de Juazeiro(BA) passaram a produzir energia elétrica com painéis solares e têm o excedente da produção revertido em renda para as famílias.

Em seguida, o engenheiro Fernando Alcoforado apresentou um panorama do setor energético na Bahia. Ele afirma que a matriz energética no estado é dependente de importações e mais “suja” do que a média brasileira, ou seja, utiliza menos fontes renováveis. Alcoforado defende a importância de ampliar a produção local de biocombustíveis para diminuir o impacto ambiental e a dependência externa. Para o setor elétrico, que está próximo da capacidade máxima no nordeste, ele vê um grande potencial em fontes renováveis como a solar, eólica e biomassa.

Assim como Poletto, o engenheiro também vê conexão entre os impactos socioambientais causados por grandes empreendimentos e o modelo centralizador do setor elétrico: “Quando se instalou a interligação do sistema nacional, mudou a orientação e passou-se a acreditar que só valeria a pena executar empreendimentos de grande porte. Também acreditava-se que o custo de quilowatt em grandes empreendimentos era menor”, explica.

O debate durante o fórum deixou claro que nenhuma forma de produção, mesmo as renováveis, está isenta de causar danos socioambientais, como deixou claro Ivo Poletto: “A gente tenta evitar o termo energia limpa, porque ninguém sabe como fazer isso. O que procuramos é a menos poluente, menos impactante”.

Os impactos da produção de energia na prática se fizeram presentes por meio de denúncias do Movimento Paulo Jackson, de Caetité, afetados pela mineração de Urânio para abastecimento das usinas nucleares de Angra; e de entidades de Gongoji, ameaçadas pelos impactos socioambientais da construção de uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH) que pretende inundar 500ha da região.

As organizações presentes, diante da necessidade de produção de energia e os seus inevitáveis impactos defendem a busca de uma gestão mais democrática da política energética. Para isso é fundamental ampliar o debate, que continua a partir de 7 de agosto, no fórum temático em Brasília.

Saiba mais sobre o fórum em: www.fst-energia.org

O Fórum Social Temático – Energia  em Salvador foi uma realização de: Abong, Articulação Antinuclear Brasileira, Cáritas, Conen, Gambá, Movimento Paulo Jackson e Sindae

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