Projeto Semear e escolas de Lauro de Freitas plantam as sementes para conservação do rio Sapato

10/05/2019

Os alunos da Escola Municipal Lagoa dos Patos, de Lauro de Freitas, tiveram nesta última quarta (8) uma manhã de contato com a natureza e muito aprendizado. A atividade de educação ambiental promovida pelo Projeto Semear levou 33 alunos para realizar uma trilha no Parque das Dunas, em Salvador, onde nasce o rio Sapato. A conservação do rio, que cruza o litoral de Lauro de Freitas e deságua na foz do rio Joanes, é o foco do projeto, executado pela Associação de Moradores e Amigos do Ipitanga (AMI Ipitanga). Eles contam com a ajuda dos alunos de 3 escolas e 2 projetos sociais mobilizados para espalhar a mensagem de cuidado com as águas e com o meio ambiente, tornando-se sementes da conservação ambiental.

A manhã de educação ambiental começou com uma palestra do gestor ambiental, Cainã Freitas, que guiou o grupo no Parque das Dunas. Foram muitas informações úteis e curiosas sobre os animais e plantas que encontrariam na trilha de restinga e caatinga; as crianças de 10 a 12 anos receberam com entusiasmo. Ele pontuou a todo momento como as relações entre seres e ambientes nos ecossistemas se completam e são interdependentes, “quem desequilibra, infelizmente, é o homem quando não toma as atitudes corretas. Esse aprendizado começa em sala de aula”, afirmou Cainã.

Depois de alongar os músculos, o grupo iniciou a trilha nas dunas. Durante o trajeto, nas paradas orientadas, descobriram que a vegetação de restinga serve para fixar a areia das dunas, que o solo de arenoso de formato ondulado indicava que um dia a região já havia sido coberta pelo mar, que as plantas da restinga possuem folhas adaptadas para resistirem ao sol, procuraram as corujas buraqueiras, ao atravessar uma área com vegetação de caatinga comprovaram na prática como as árvores ajudam a manter uma temperatura mais amena e, por fim, chegaram a uma lagoa em meio às dunas. Esse foi, na avaliação de várias crianças, o ponto alto do passeio.

Para o gestor da escola, Edicarlos Oliveira, a lagoa que encantou os alunos conversa diretamente com uma informação que receberam na primeira oficina realizada pelo Projeto Semear na escola de Lagoa dos Patos, no início de abril. “Muitos não sabiam que a comunidade recebe esse nome porque ali era uma lagoa, literalmente. Como o processo de povoamento foi feito de maneira desordenada, sem acompanhamento do poder público e um olhar mais cuidadoso sobre o meio ambiente, o impacto foi muito grande”, explica ele.

O desaparecimento da lagoa, há cerca de 30 anos, é um dos sintomas de degradação da área que reflete também no rio Sapato. “Deu para ver que alguns deles estranharam na oficina as falas que mostraram como era a questão dos rios em Lauro de Freitas  e como está agora, com a poluição. Eles se assustaram muito porque já nasceram em um contexto ambiental muito degradado pela ação humana, eles achavam que era normal. Quando mostramos, eles começaram a perceber que não, que foi fruto da ação humana”, lembra Edicarlos.

O pequeno Michel da Silva disse que não sabia da existência da lagoa antes, mas agora, quando perguntado sobre o que causou seu desaparecimento, respondeu no ato: “a desmatação das margens e nascentes”, e é complementado pelo colega Silas Costa Brito “jogar lixo no rio e lago, construir casa na margem”.

A consciência que Silas e Michel mostram parece apontar para o caminho que defendeu Cleci Portal, integrante da AMI Ipitanga e coordenadora do projeto, em sua fala com os alunos, ao encerrar a trilha: “Quando eu era pequena, tomava banho na Lagoa dos Patos, onde é a escola de vocês hoje. Ela era grande, linda e muito boa para brincar. Hoje vocês estão vendo essa lagoa e ela só está aqui porque foi protegida pelo Parque das Dunas, senão já teria sido aterrada também e estaria com um monte de casas aqui na beirada. Nós estamos passando essa missão para vocês, é o legado que deixamos, o aprendizado de manter vivos nossos rios, nossas florestas, nossa fauna para deixar isso para os filhos de vocês.”

Projeto Semear

Além das atividades de educação ambiental o Projeto Semear está construindo um projeto arquitetônico para a implantação do Parque Ecológico de Ipitanga já previsto no Plano Diretor de Desenvolvimento Municipal de Lauro de Freitas e vai implantar um viveiro de mudas para recompor a mata ciliar do rio Sapato.

A escolha do local para a atividade de campo não foi por acaso. O Parque das Dunas é uma área de preservação particular – está inserida na poligonal da APA das Lagoas e Dunas do Abaeté – que recebe visitantes e pesquisadores para conhecer uma das poucas áreas de restinga conservadas em Salvador. Lá estão 4 nascentes do rio Sapato e por isso o projeto Semear quer ligá-lo através de um corredor ecológico ao Parque Ecológico Ipitanga, a ser implantado. “Essa área é um corredor ecológico, algo muito precioso. Em Lauro de Freitas, o entorno do rio Sapato é o último remanescente dessa restinga que a gente vê aqui no Parque das Dunas conservada. Então queremos conservar lá, transformar num parque ecológico e dar continuidade, ligar as duas áreas num corredor que vá daqui até buraquinho.”, explica Cleci Portal, da AMI Ipitanga e coordenadora do Projeto Semear.

O projeto Semear foi um dos 11 projetos da Região Metropolitana de Salvador selecionados pelo edital Casa Cidades, com financiamento do Fundo Socioambiental Casa, Fundo Socioambiental Caixa e Fudação OAK e articulação local realizada pelo Gambá.

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