Unidades de Conservação na Serra da Jiboia são pauta de reuniões na SEMA e AL-BA

15/04/2016

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Gambá, UFRB, poder público e sociedade civil de cinco municípios do Recôncavo Sul Baiano levarão a proposta de criação de um mosaico de Unidades de Conservação na Serra da Jiboia ao Secretário de Meio Ambiente e à Assembleia Legislativa da Bahia. A conservação da área, já defendida há mais de 20 anos, ganhou a forma de uma proposta técnica a partir de projeto executado por Gambá e UFRB com diversos parceiros locais. A área no Recôncavo Sul Baiano é um importante remanescente florestal, com recursos hídricos que alimentam 4 bacias hidrográficas e 30 municípios, e possui uma enorme riqueza de biodiversidade.

Dia 18 de abril, a proposta será entregue ao secretário de meio ambiente Eugênio Spengler no CAB, às 14h. E no dia 27 haverá uma audiência na Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa da Bahia, onde a pauta tem sido apoiada pelo vice-presidente da comissão, o deputado Marcelino Galo. Para a audiência no dia 27 espera-se a presença de vários atores do entorno da Serra, quanto mais pessoas demonstrando interesse pela conservação da área, mais convencidos ficarão os deputados.

A proposta está sendo entregue às autoridades competentes em nível municipal, estadual e federal para que sejam realizadas as consultas públicas, que vão incorporar novos olhares das comunidades envolvidas. Os municípios do entorno participaram ativamente das discussões e construção da proposta. O Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade, responsável pela gestão das UCs federais, e a Secretaria de Biodiversidade e Floresta, do Ministério do Meio Ambiente, já receberam a proposta e ressaltaram que é imprescindível a participação do governo estadual no processo.

O Projeto Serra da Jiboia, conduzido pelo Grupo Ambientalista da Bahia (Gambá), em parceria com a UFRB, realizou estudos que comprovaram a riqueza biológica da área.  Baseado neles, propõe a criação de um Parque para proteger o maciço florestal mais conservado e uma Área de Proteção Ambiental (APA), circundando a área do parque, para potencializar o uso sustentável da terra em seu entorno, formando assim um mosaico de UCs junto com a Reserva Particular do Patrimônio Natural Guarirú, unidade de conservação já existente na área.

Isabelle Blengini, bióloga que coordenou o projeto, fala da importância do envolvimento das comunidades com o documento: “acho que as pessoas receberam bem a proposta da criação do mosaico. Isso foi discutido no Conselho Gestor do projeto, essa mobilização não é fácil de atingir, mas facilita a criação porque as pessoas participaram do processo, discutiram as categorias, se empenharam em tirar as dúvidas. E a partir de agora eles vão ser multiplicadores dessa proposta”, avalia.

Para Renato Cunha, coordenador executivo do Gambá, a ação do poder público precisa ser rápida: “Esperamos que os órgãos se sensibilizem sobre a importância de proteger a Serra através da criação dessas Unidades de Conservação, analisem os dado, que são bem consistentes, para viabilizar essa estratégia de conservação que tem sido proposta há cerca de 20 anos. Isso tem que ser organizado de forma rápida para realizar as consultas públicas ainda este ano, enquanto ainda temos a sociedade civil local mobilizada pela ação do projeto”.

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Serra da Jiboia

A Serra da Jiboia, no Recôncavo Sul Baiano, abrange cinco municípios: Elísio Medrado, Castro Alves, Santa Teresinha, Varzedo e São Miguel das Matas. Apesar da enorme riqueza de fauna e flora só possui uma Unidade de Conservação, a RPPN Guarirú, de caráter particular e com apenas 41 hectares, enquanto a Serra toda possui mais de 8 mil hectares. Outro fator que torna a serra muito peculiar é ser uma zona de transição entre Mata Atlântica e Caatinga.

Alesssandra Caiafa, professora da UFRB, coordenou a equipe multidisciplinar de pesquisadores dos estudos bióticos e abióticos e destaca a riqueza encontrada na área: “Durante esses estudos foram várias as espécies novas a serem descritas para a ciência e várias quebras de endemismo. Existem grupos de vertebrados, grupos de invertebrados e de vegetais que foram citados pela primeira vez no estado. E alguns pela primeira vez para o bioma. Ou seja, é um ambiente muito peculiar. Que deve ser efetivamente preservado a todo custo. É importante destacar também toda a geomorfologia da Serra e a fragilidade do seu solo. Isso indica que a Serra não se presta pra cultivo e, sim, para conservação”, defende Alessandra.

A necessidade de proteção da Serra é fácil de ser notada. Nos últimos anos a Mata Atlântica vem sendo desmatada e substituída por pastagens. A derrubada das matas ciliares vem diminuindo sensivelmente a quantidade de água. Os moradores também relatam o uso abusivo de agrotóxicos que contaminam água e solo, já a fauna local é ameaçada pela caça e o tráfico de animais silvestres. Essas ameaças foram identificadas no levantamento socioeconômico da região, que identificou também a necessidade urgente de fornecer assistência técnica aos produtores rurais para que adotem práticas mais sustentáveis.

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Reserva Jequitibá – Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, Serra da Jibóia, Elísio Medrado/BA