GAMBÁ e Pet Mata Atlântica realizaram o 1º Seminário Regional sobre Experiências em Conservação da Mata Atlântica no Recôncavo Sul Baiano

24/11/2011

O processo de desmatamento da Mata Atlântica iniciou-se quando o Brasil foi “descoberto”. Hoje, mais de 500 anos depois, existe apenas 7% de sua extensão original. O que você faz pela conservação da Mata Atlântica?

O 1º Seminário Regional sobre Experiências em Conservação da Mata Atlântica no Recôncavo Sul Baiano – I SerMata, realizado no dia 19 de novembro no Campus Cruz das Almas da Universidade Federal do Recôncavo Baiano foi uma iniciativa do Gambá – Grupo Ambientalista da Bahia em parceria com o Pet Mata Atlântica – Conservação e Desenvolvimento da UFRB  teve como objetivo o levantamento e a socialização  de  ações de conservação da Mata Atlântica que estão sendo desenvolvidas no Recôncavo Sul Baiano a fim de  subsidiar estratégias efetivas para a conservação e uso sustentável dos recursos naturais desse bioma.

O Seminário promoveu o intercâmbio de experiências entre profissionais, estudantes e comunidades da região, tendo sido contabilizadas mais de 200 inscrições. Dentre as organizações presentes por meio de seus representantes estavam o Grupo Ambientalista Nascentes – Gana; o Departamento de Gestão Ambiental da Embasa – Empresa Baiana de Saneamento, ambos de Santo Antônio de Jesus; o Grupo Biriba de Muritiba; o Núcleo de Gestão Ambiental do Território de Identidade do Recôncavo; a Secretaria de Agricultura e de Meio Ambiente de Sapeaçu; a Ong Onça Parda, de Jacobina; a Ong Centro Sapucaia, de Amargosa; a Fundação José Carvalho e o Inema.

Experiências e estratégias de Conservação da Mata Atlântica no Recôncavo Sul Baiano.

O primeiro momento do evento proporcionou aos participantes a oportunidade de reflexão acerca da situação alarmante da Mata Atlântica no Recôncavo Sul Baiano, ao tempo em que foram apresentados experiências e resultados exitosos de Projetos e estratégias de ação, que já vem contribuindo para a conservação desse bioma. Os expositores provocaram a participação do público, estimulando a reflexão de que é dever de toda a sociedade contribuir para as soluções dos problemas ambientais.

– O Pet Mata Atlântica – Conservação e Desenvolvimento

“Um esforço concreto de envolver a academia nas tarefas de conservação da Mata Atlântica contribuindo para a formação de profissionais com novos parâmetros sobre o uso sustentável dos recursos naturais e a sobrevivência humana”

A professora Alessandra Nasser Caiafa da UFRB e Coordenadora do Grupo Pet Mata Atlântica, alertou o público para os principais problemas ambientais do Recôncavo Sul Baiano através de uma contextualização histórica do desmatamento da Mata Atlântica na região, principalmente causado pela abertura de pastagens e extensas áreas de monoculturas de mandioca, banana, café e fumo.  Diante deste cenário, o Pet Mata Atlântica foi criado com o objetivo de contribuir com a conservação da biodiversidade da Região do Recôncavo Sul Baiano, que sofre bastante com o conflito entre a sobrevivência das populações locais e o uso predatório dos recursos naturais.  O Pet vem buscando realizar pesquisas científicas que documentem e analisem a importância dos serviços ambientais prestados pela natureza estimulando os universitários a tornarem-se agentes transformadores da sociedade. O Grupo faz parte do Programa de Educação Tutorial do Governo Federal brasileiro que busca propiciar aos alunos condições para a realização de atividades extracurriculares que complementam a sua formação acadêmica e integra estudantes dos cursos de Biologia, Engenharia Florestal, Agroecologia, Agronomia e Gestão de Cooperativas, todos da UFRB.

– O Grupo Ambientalista da Bahia – Gambá e o Centro de Pesquisa e Manejo da Vida Silvestre – CPMVS

“30 Anos em defesa do meio ambiente e 15 anos reflorestando a Mata Atlântica”

Maria Theresa S. Stradmann, coordenadora executiva do Gambá e do CPMVS, resumiu o histórico de 15 anos de atuação do Gambá na Região do Recôncavo Sul Baiano desenvolvendo metodologias de articulação e mobilização comunitária para a conservação dos recursos naturais, o que beneficiou as comunidades locais através da recuperação de nascentes e melhoria da eficiência de suas atividades produtivas. Entre as ações demonstrativas que o Gambá realiza para a conservação da Mata Atlântica e Caatinga, destacam-se a recuperação de áreas degradadas através da produção de mudas nativas e reflorestamento, priorizando as Áreas de Preservação Permanente – APP; a implantação de bosques energéticos e madeiráveis e a implantação de Cercas Vivas, como alternativas sustentáveis para as comunidades que contribuem com a redução da pressão sobre os fragmentos florestais por demanda de estacas e lenha; o resgate, a reabilitação e a soltura de animais silvestres provenientes do tráfico de animais e aprisionamento em cativeiros, com o objetivo de repovoar os fragmentos florestais.

O Centro de Pesquisa e Manejo da Vida Silvestre abriga as instalações do Gambá voltadas para o Programa de Conservação de Ecossistemas e está localizado na Reserva Jequitibá – Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, uma área florestal situada na Serra da Jibóia, município de Elísio Medrado.

– O exemplo da RPPN Guarirú

“Exercício de cidadania de Proprietário Rural mostra inúmeras vantagens em manter a floresta em pé”

O relato de Flávio Pantarotto, proprietário da fazenda Serenidade, localizada no município de Varzedo/BA esclareceu ao público quais são as diretrizes para a criação de uma Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN tendo como experiência a implantação da Reserva Guarirú em sua propriedade. Flávio deixou claro que a criação de uma Reserva Particular deve nascer de um ato de vontade do proprietário e que para consumá-lo basta apenas um requerimento do Inema – Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos que não custa absolutamente nada. Ele ressaltou também que a criação de uma RPPN traz uma série de vantagens para o proprietário rural como prioridades para obtenção de créditos agrícolas, isenção do Imposto sobre a Propriedade Territorial RuralITR, além, é claro, da melhoria da capacidade de produção de água pelas nascentes, da possibilidade de geração de renda através do ecoturismo, etc.

– O relato sobre a experiência da criação da Unidade de Conservação do Timbó

“A criação da UC Refúgio da Vida Silvestre de Amargosa é um passo concreto para a conservação do Timbó”

Representando a Ong Centro Sapucaia, Márcia Luzia Cardoso Neves relatou a experiência bem sucedida da criação da Unidade de Conservação “Refúgio da Vida Silvestre de Amargosa”, localizada na Serra do Timbó, Vale do Jequiriçá, que serve de exemplo para novas iniciativas. As pesquisas desenvolvidas para a sua criação mostraram que a Mata Atlântica da região do Recôncavo Sul Baiano possui um alto índice de biodiversidade tendo sido registradas novas espécies de plantas e animais, inclusive espécies exclusivas da Mata do Timbó.

Márcia Neves evidenciou a importância das ações de sensibilização e mobilização das comunidades locais, testemunho que ficou ainda mais fortalecido com a intervenção de Lilite, Conselheira Diretora do Gambá: “Quando se pensa em Educação Ambiental o foco é quase sempre as escolas mas existe uma Educação Ambiental que é fora da escola e que visa não apenas a transferência de conhecimentos e técnicas mas também a formação de pessoas e o exercício da cidadania”. A comunidade precisa sentir que faz parte da nova história que está sendo construída” – disse.

O êxito dessa iniciativa deve-se principalmente ao esforço coletivo da sociedade civil organizada, representada pela Ong Centro Sapucaia, e uma gestão pública comprometida com as questões ambientais de seu município.

Trocas de experiências de ações de conservação da Mata Atlântica!

Num segundo momento do evento, os participantes participaram de Grupos de Trabalho com temas específicos conforme as suas experiências a relatar ou interesse de aprendizado. Os GT’s aprofundaram as temáticas: Pesquisas e Unidades de Conservação como estratégias de conservação; Legislação Ambiental; Métodos de Recuperação da Mata Atlântica; Uso sustentável dos recursos naturais; Agroecologia no Recôncavo; Conservação dos Recursos Hídricos; Educação ambiental na formação crítica e Adequação ambiental da propriedade rural. As discussões promovidas pelos Grupos possibilitaram a socialização de experiências que vêm sendo realizadas na região promovendo um maior entendimento sobre os conceitos e métodos utilizados e as maiores dificuldades enfrentadas na execução de Projetos de conservação. Ao final do evento os participantes reuniram-se no auditório a fim de evidenciar os principais pontos levantados durante o debate nos Grupos.

Uma idéia bastante fortalecida durante todo o evento foi a falta de compromisso do Governo com as questões ambientais e com o bem estar das gerações futuras. Ficou claro que o objetivo de uma Ong é ocupar o espaço aberto deixado pelo Governo, mas que é dever do Estado e de toda a sociedade lutar pela conservação do meio ambiente.

Realização: Grupo Ambientalista da Bahia – Gambá, em parceria com o Pet Mata Atlântica – Conservação e Desenvolvimento da UFRB.

Projeto: “Ações Ambientais Sustentáveis no Recôncavo Sul Baiano”

Patrocínio: Petrobras/ Programa Petrobras Ambiental.

Logomarca Gambá

Av. Juracy Magalhães Jr, 768, Edf. RV Center, sala 102, Rio Vermelho, Salvador/Ba. Tel/fax: 71- 3346-5965

Reserva Jequitibá – Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, Serra da Jibóia, Elísio Medrado/BA