Evento de educação ambiental multiplica ações sustentáveis em São Miguel da Matas

09/09/2014

O evento Ações Sustentáveis em São Miguel das Matas, no último dia 5, levou cerca de 110 proprietários rurais, estudantes e representantes do poder público municipal a conversar e refletir sobre práticas ecologicamente equilibradas na gestão de suas propriedades. Garantir a sustentabilidade dos recursos naturais, principalmente da água, foi o fio condutor das reflexões sobre o reflorestamento de mata ciliar e substituição das cercas tradicionais por cerca viva. Realizado por Gambá, Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar e prefeitura municipal de São Miguel das Matas, o evento foi mais uma ação do Projeto Ações Ambientais Sustentáveis (PAAS), patrocinado pela Petrobras através do programa Petrobras Socioambiental.

A manhã começou com a apresentação do Grupo de Flautas Miguelense. Os flautistas, que têm entre 8 e 15 anos, foram um chamariz para o evento. Enquanto a apresentação acontecia, o público chegava e se acomodava no salão da sede do Sintraf. Logo na abertura, Regina Cerqueira, coordenadora geral do Sintraf, lembrou a todos da necessidade urgente de reflorestar: “Vocês lembram a seca que teve aqui em 2012? A gente nunca tinha visto carro pipa entrando aqui. São Miguel das Matas tinha esse nome por causa das matas. Hoje não nada, em canto nenhum tem sombra mais. A hora de reflorestar é agora”.

Cerca Viva: esclarecendo dúvidas e falando sobre o manejo

O agrônomo do Gambá, Rodolfo Moreno, explica que o sabiá é uma planta com crescimento muito rápido

Rodolfo Moreno, explica que o sabiá é uma planta de crescimento rápido

Após uma apresentação sobre o Gambá e o Projeto Ações Ambientais Sustentáveis, a estagiária Flavia Nunes falou sobre os benefícios ecológicos e produtivos trazidos pela substituição da cerca tradicional, de estacas e arame, pela cerca viva. O plantio de árvores para delimitar espaços na propriedade, além de evitar a retirada de madeira para confeccionar estacas, também ajuda a conservar e fixar nitrogênio no solo, fornecem sombra e forragem para o gado, estacas e lenha para o produtor.

Uma das metas do projeto é implantar 5 km de cerca viva e para isso o Gambá inscreve e seleciona produtores rurais interessados. Como explica o coordenador de campo do PAAS, Felipe Bucheni: “o único recurso que o parceiro tem que fornecer é o cuidado, o manejo”. Para preparar e informar os possíveis parceiros, o engenheiro agrônomo do Gambá, Rodolfo Moreno, fez demonstrações do manejo do Sabiá e respondeu às dúvidas dos agricultores.

 

Experiência de quem já aderiu

O ponto alto do evento foi a participação de Ignez Sant’Anna. A agricultora familiar de São Miguel das Matas falou aos presentes sobre as mudanças em sua propriedade depois da implantação de um bosque energético e cerca viva: “O bosque energético tem uns 6 anos, já dá pra tirar umas estacas e lenha a hora que quiser. O bosque energético é um lugar onde você, mais tarde, pode cortar sua estaca para lenha. Lenha não é quem dá energia? Daí vem o nome.

A cerca viva mais velha, que tem uns 3 anos já funcionando. Não precisa de mais estaca no lugar. O primeiro benefício é não ter que comprar estaca, porque é caro e a gente tem que descobrir de onde que elas tão vindo. Então já facilitou isso. E também melhorou o próprio ar que respiramos e trouxe também os pássaros que chegaram para comer a semente que ela produz.”

Multiplicando resultados: primeiro compromisso assumido

Um dos primeiros efeitos encadeados pelo evento foi o anúncio da parceria entre Sintraf e Prefeitura para ações de reflorestamento. O Secretário de Agricultura, Abastecimento e Meio Ambiente, Helder Giovanny, e a coordenadora geral do sindicato, Regina Cerqueira, anunciaram o compromisso de plantar cinco mudas para cada matrícula realizada no Colégio Estadual Aldemiro Vilas Boas, em ação educativa com os próprios alunos. As matrículas devem ser realizadas em novembro ou dezembro e os plantios em 2015, Regina afirma que uma das áreas prioritárias deve ser a Pedreira.

Para Helder, o saldo da ação de educação ambiental foi positivo, “Foi fantástico, os parceiros se mobilizaram e conseguimos chegar a um público formador de opinião, como os Agentes Comunitários de Saúde e os filhos dos agricultores que vão herdar a terra”.

A agricultora Helena Sant’Anna também ressaltou a importância da união entre gerações para a preservação ambiental, “É preciso convencer alguns agricultores mais idosos da necessidade de ceder um espaço da sua propriedade para a preservação ecológica e também que o jovem possa sentir essa responsabilidade na própria pessoa dele e do conjunto e não se afastarem da agricultura. Para mim, o que se aproveita das palestras e atividades como essa é olhar o funcionamento do conjunto e não de cada coisa isolada.”

Logomarca Gambá

Av. Juracy Magalhães Jr, 768, Edf. RV Center, sala 102, Rio Vermelho, Salvador/Ba. Tel/fax: 71- 3346-5965

Reserva Jequitibá – Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, Serra da Jibóia, Elísio Medrado/BA