Publicações lançadas pelo Gambá serão instrumentos para ajudar a criar UCs na Serra da Jiboia

22/02/2016

No último dia 18, o Gambá esteve em Santa Teresinha para lançar dois documentos que nascem de pesquisas e propõem conservar a Serra da Jiboia através da criação de um mosaico de Unidades de Conservação. Trata-se de um importante remanescente florestal do Recôncavo Sul, localizado em área de transição entre Mata Atlântica e Caatinga com ótimos indicadores de biodiversidade.

O lançamento teve a presença de representantes dos cinco municípios do entorno da Serra. Apesar de representar a finalização do Projeto Serra da Jiboia, ficou claro para todos que é apenas o início de uma grande mobilização para sensibilizar os órgãos ambientais sobre a necessidade de proteger a região.

A proposta construída por Gambá e a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia prevê uma UC mais restritiva para o maciço serrano mais florestado, com cerca de 7.000 hectares. E no seu entorno uma Área de Proteção Ambiental de cerca de 18.000 hectares. Na APA, menos restritivas, as comunidades poderão seguir morando e plantando, utilizando técnicas sustentáveis que não aumentem a pressão antrópica sobre o parque. A ideia é que, através da educação ambiental e assistência técnica adequada se tornem guardiões da Serra da Jiboia.

Além da proposta de criação de Unidade de Conservação foi produzida uma revista de cunho educativo sobre a Serra da Jiboia. O material vai ser distribuído nos municípios do entorno, principalmente nas escolas para conscientizar a população sobre a importância da Serra e a necessidade de proteção.

As duas publicações estão disponíveis para download, é só clicar aqui.

Preocupação não vem de hoje

Nilton de Oliveira milita pela Serra há quase 30 anos. Ele esteve no lançamento e levou a lembrança dos primeiros a reivindicar de forma organizada a proteção da Serra, “o movimento para defender a Serra surgiu por volta de 1990, de pequenos grupos, em rodas de conversa com agricultores, sobretudo pensando em cuidar da vegetação das margens dos rios”, lembra ele. “Começamos a fazer as primeiras palestras em sala de aula por volta de 1991, que precisávamos cuidar hoje para que nossos filhos e netos tivessem direito a água, à vegetação, aos animais. Fomos fazendo esse trabalho e fundamos, em 1994 ou 1995, a Comissão de Defesa do Meio Ambiente do Vale do Jiquiriçá, a CODEVAJI”.

A comissão agrupou moradores de Elísio Medrado, São Miguel das Matas e Varzedo, alguns anos depois o Gambá chega à Serra e engrossa o coro por conservação.

Próximos passos

A partir de agora, com o documento técnico pronto, começa a fase de mobilizar e sensibilizar os órgãos ambientais responsáveis por criar as UCs no governo estadual e federal: Secretaria de Meio Ambiente da Bahia, Inema, Ministério do Meio Ambiente e ICMBio. O momento não tem sido favorável para a criação de novas UCs, mas se os órgãos reconhecerem a importância de proteger a área, a proposta será colocada para consulta à sociedade através de audiências públicas.

Nilton Oliveira defende que a partir do documento finalizado, o trabalho está apenas começando e vai ser árduo: “A dificuldade a gente sabe que existe, mas precisamos unir forças. Sobretudo a partir do local. A população precisa estar informada, ir até suas lideranças e fazer um trabalho em rede para que isso aconteça. Eu acredito que é possível e precisamos lutar por isso, conscientizar os moradores de dentro da Serra e do entorno. A preservação não é olhar para o hoje, e sim para a frente, para as futuras gerações. Essas, que virão, precisam ter o direito de ter água, de ver a floresta, de ver os animais transitando por ela”, finaliza.

Projeto Serra da Jiboia

Os dois documentos lançados são produtos do Projeto Serra da Jiboia, financiado pelo fundo TFCA através do Funbio. O projeto realizou estudos socioeconômicos e ambientais na Serra da Jiboia e em seu entorno para subsidiar as discussões sobre a possível criação de uma ou mais unidades de conservação.O projeto iniciou em junho de 2014 e finalizou em novembro de 2015, executado pelo Gambá em parceria com a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).