26/10/2016
A Secretaria de Meio Ambiente e o Inema publicaram portaria conjunta instalando o Grupo de Trabalho que vai analisar e encaminhar a proposta de criação de um mosaico de Unidades de Conservação na Serra da Jiboia, Recôncavo Sul da Bahia. A criação do grupo de trabalho ficou definida em abril, quando Gambá e UFRB entregaram aos dois órgãos o documento técnico que fundamenta a proposta, mas a portaria só saiu no último dia 14. Agora o prazo é de 30 dias úteis para encaminhar a questão e as reuniões devem ocorrer a partir de semana que vem. Fazem parte do Grupo de Trabalho Sema, Inema, Gambá e UFRB.
O encaminhamento do grupo de trabalho é fruto do Projeto Serra da Jiboia, parceria entre Gambá e UFRB, que realizou diversos estudos bióticos, abióticos e socioeconômicos na Serra da Jiboia e seu entorno que resultaram em uma proposta de mosaico de Unidades de Conservação. Os estudos apontam para uma estratégia de conservação da área com a criação de um Parque para proteger o maciço florestal mais conservado e uma Área de Proteção Ambiental (APA), circundando a área do parque, para potencializar o uso sustentável da terra em seu entorno, formando assim um mosaico de UCs junto com a Reserva Particular do Patrimônio Natural Guarirú, unidade de conservação já existente na área.
Serra da Jiboia
A Serra da Jiboia, no Recôncavo Sul Baiano, abrange cinco municípios: Elísio Medrado, Castro Alves, Santa Teresinha, Varzedo e São Miguel das Matas. Apesar da enorme riqueza de fauna e flora só possui uma Unidade de Conservação, a RPPN Guarirú, de caráter particular e com apenas 41 hectares, enquanto a Serra toda possui mais de 8 mil hectares. Outro fator que torna a serra muito peculiar é ser uma zona de transição entre Mata Atlântica e Caatinga.
Alesssandra Caiafa, professora da UFRB, coordenou a equipe multidisciplinar de pesquisadores dos estudos bióticos e abióticos e destaca a riqueza encontrada na área: “Durante esses estudos foram várias as espécies novas a serem descritas para a ciência e várias quebras de endemismo. Existem grupos de vertebrados, grupos de invertebrados e de vegetais que foram citados pela primeira vez no estado. E alguns pela primeira vez para o bioma. Ou seja, é um ambiente muito peculiar. Que deve ser efetivamente preservado a todo custo. É importante destacar também toda a geomorfologia da Serra e a fragilidade do seu solo. Isso indica que a Serra não se presta pra cultivo e, sim, para conservação”, defende Alessandra.
A necessidade de proteção da Serra é fácil de ser notada. Nos últimos anos a Mata Atlântica vem sendo desmatada e substituída por pastagens. A derrubada das matas ciliares vem diminuindo sensivelmente a quantidade de água. Os moradores também relatam o uso abusivo de agrotóxicos que contaminam água e solo, já a fauna local é ameaçada pela caça e o tráfico de animais silvestres. Essas ameaças foram identificadas no levantamento socioeconômico da região, que identificou também a necessidade urgente de fornecer assistência técnica aos produtores rurais para que adotem práticas mais sustentáveis.