Grupo de Capoeira da Baixinha une esporte e educação ambiental

08/10/2019

O batizado do Grupo de Capoeira da Baixinha começou animado neste último domingo (07). Ao som dos pandeiros e berimbaus, os capoeiristas mostravam seu aprendizado e aguardavam  para receber o cordão que marca a evolução na habilidade e comprometimento com o esporte. As crianças e jovens, sob o olhar atento dos pais, jogavam debaixo da torre do linhão de energia que corta a principal via da comunidade. Sim, você leu certo, a roda de capoeira acontece embaixo da torre do linhão de energia. “A capoeira é a arte de achar brechas, é isso que o capoeirista faz. E aqui não é diferente. Mesmo com a falta de espaço adequado, ninguém pode dizer que não é uma academia de capoeira. O que interessa é que a gente continue! Parabéns para vocês”, em sua fala citando resiliência e soluções criativas, João Carlos da Hora, o Mestre Cachaça, deu o tom do projeto Capoeira da Gia: construindo um meio ambiente justo e seguro em comunidade.

A falta de espaços comunitários é um dos problemas ambientais e urbanísticos enfrentados pelos moradores da Baixinha, comunidade próxima ao Hospital Aristides Maltez, em Brotas. Segundo a moradora Mariana Souza dos Santos, na ocupação que cresceu de forma desordenada os moradores também não têm acesso a coleta e tratamento de esgoto, drenagem adequada, coleta de lixo porta a porta e estão sujeitos à alagamentos com ressurgência de esgoto nas partes baixas do território. A queima de lixo e entulho inclusive já gerou um incêndio que ameaçou várias moradias. Mas nas brechas, os moradores vão construindo soluções como o assentamento de piso embaixo da torre, ladeado por um jardim, que hoje serve de academia de capoeira e local para reuniões e confraternizações.

Para fortalecer esse processo de autogestão e cuidado com seu entorno o projeto tocado pelo Grupo de Capoeira da Baixinha, em parceria com o Instituto de Permacultura da Bahia, mesclou a prática desportiva com oficinas para estimular a busca por soluções ambientais para o espaço que compartilham. A comunidade participou de formações sobre reciclagem, permacultura e autogestão 

O Grupo de Capoeira da Baixinha surgiu em um condomínio vizinho, onde integrantes do Grupo de Capoeira Porto da Barra ofereciam aulas para os moradores da comunidade. Mas em março desse ano as aulas foram transferidas para mais perto dos alunos. Isso foi possível através de uma mobilização estimulada pela oficina de autogestão do projeto, durante a atividade os moradores adequaram a base da torre com limpeza, pintura e sinalização do espaço para receber as aulas. São mais de 30 participantes – entre 5 a 35 anos – que frequentam as aulas duas vezes por semana com Leonardo Araúdo, o Mestre Minhoca. “Foi um número alto de alunos que batizaram hoje. Eles receberam sua primeira corda porque são alunos novos. Começaram a vir para a aula porque o grupo desceu para a comunidade deles. A participação deles e dos pais está bem maior”, explica Laís Boaventura Santos, coordenadora do projeto.

Segundo o integrante do Instituto de Permacultura, Ravi Santiago, as melhorias no local foram feitas com muita mão na massa e união. Além da pintura e adequação do local, na oficina de permacultura foi realizado um novo plantio que enriqueceu o jardim que Sr. Valter, morador, já cultivava no local. Já na oficina de reciclagem foram passadas instruções de como separar o lixo domiciliar, no entanto o ponto mais próximo de entrega voluntária de recicláveis está a 1 km da comunidade e não há aderência à coleta seletiva.”Foi interessante porque na hora da oficina passou uma catadora de recicláveis e resolveu sentar para conversar, dando o depoimento sobre seu dia a dia, o trabalho e como as pessoas podem colaborar”, conta Ravi. 

Márcio Ferreira dos Santos, pai de Mateus, de 11 anos, confirma o envolvimento dos pais com as aulas. Ele assistia orgulhoso à performance do filho e aplaudiu seu progresso: “Depois que ele entrou na capoeira até na escola ele melhorou bastante. Tá super bem agora. Eu sempre vejo a educação que o mestre dá às crianças e acho ótimo”, comemora. E, não é só o filho Mateus que foi envolvido pelo projeto. ˜Eu vim ver a oficina de reciclagem, tirei foto e tudo. Faz uns 15 dias também fizemos os canteiros que tão aí, o pessoal trouxe os pneus, a terra e plantamos˜, conta Márcio. 
O projeto Capoeira da Gia: construindo um meio ambiente justo e seguro em comunidade foi um dos 11 selecionados pelo edital Casa Cidades na Região Metropolitana de Salvador. Ele conta com financiamento do Fundo Socioambiental Casa, com apoio do Fundo Socioambiental Caixa e da Fundação OAK e articulação local do Gambá.

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