19/01/2018
Microlejeunea jiboiensis, esse é o nome da mais nova espécie de briófita encontrada na Serra da Jiboia, que ainda não havia sido registrada na literatura científica. Os pesquisadores da UFBA Cid Bastos e Silvana Vilas Bôas Bastos publicaram a descrição da planta na revista Neodiversity, em setembro de 2017. A descoberta reforça a necessidade de conservação da Serra para proteger a biodiversidade que ali existe e que pode ainda nem ter sido descoberta.
As briófitas são plantas que, por não possuírem sistema circulatório, possuem pequeno porte. Conhecidas popularmente como musgos e hepáticas, foram, durante o processo evolutivo as primeiras a se adaptar ao ambiente terrestre. A hepática Microlejeunea jiboiensis, encontrada pelos pesquisadores da UFBA tem apenas 1.2 mm e foi encontrada sobre o caule de outra planta.
Biodiversidade sem proteção na Serra da Jiboia
No final de 2015, Gambá e UFRB apresentaram proposta técnica de criação de um mosaico de unidades de conservação na Serra da Jiboia. A proposta foi o resultado de estudos bióticos, abióticos e socioeconômicos que demonstraram a importância e a vocação para conservação desse que é um dos últimos remanescentes florestais do Recôncavo Sul Baiano, em área de transição entre Mata Atlântica e Caatinga. O documento foi entregue aos órgãos responsáveis pela criação de UCs nos âmbitos municipal, estadual e federal, ainda sem nenhuma ação efetiva para garantir a sua implementação.
O local onde foi encontrada a nova espécie, o Morro da Pioneira, no município de Santa Teresinha, possui afloramentos rochosos que, por conta de sua beleza cênica e da presença de antenas retransmissoras, convive com uma grande circulação de pessoas. Em janeiro do ano passado, por exemplo, apenas 2 dias após a coleta da nova planta, o local onde foi encontrada a Microlejeunea jiboiensis foi vítima de um incêndio criminoso que devastou muito da vegetação local. Mesmo com essa pressão sobre o ambiente, a área ainda é conhecida por sua grande biodiversidade, com destaque para a ocorrência da espécie Alcantarea nahoumii, vulnerável à extinção.
O problema dos incêndios na área é antigo e ainda conta com o agravante do Grupamento do Corpo de Bombeiros mais próximo estar localizado em Santo Antônio de Jesus, há cerca de 1 hora e meia do local. Não há brigadas de combate a incêndio florestal em Santa Teresinha e nos municípios vizinhos. Para fomentar a criação dessas brigadas voluntárias, o Gambá vai realizar, de 22 a 25 de fevereiro um curso de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais na Serra da Jiboia. Clique e saiba mais.