Organizações pedem a criação do Parque Nacional do Boqueirão da Onça

04/06/2012

Uma região no coração da Caatinga, guardando a riqueza histórica dos primeiros habitantes do continente, gravados nos paredões pelas pinturas rupestres. Assim é o Boqueirão da Onça, região localizada no município de Sento Sé, no norte da Bahia, cuja demanda é de criação de um Parque Nacional de Conservação ambiental. A negociação se prolonga por anos com o Ministério de Meio Ambiente e está quase concluída, com o MME e o Governo do Estado. Um conjunto de organizações não-governamentais está lançando uma campanha a fim de pedir a aceleração do processo de constituição desta que será a primeira unidade de conservação dentro do bioma da Caatinga, no país. O Gambá integra essa mobilização, que vai lançar um manifesto pedindo a proteção do Boqueirão da Onça e criação do Monumento Natural da Toca da Boa Vista, com o desejo de garantir a proteção do bioma e das espécies em extinção presentes nessa área.

O diálogo entre Secretarias Estaduais de Meio Ambiente (SEMA), Indústria, Comércio e mineração (SICM) e Agricultura (SEAGRI), permitiu entre outros a identificação de fundos de pasto e estudo de impactos sobre a agricultura familiar. A expectativa é que a constituição da unidade de conservação possa ocorrer até a Rio +20, contudo a pressão da sociedade se faz necessária para que a decisão política da criação das UCs seja tomada e a fim de evitar que outros interesses dificultem sua aprovação.

A importância de proteger essa área se dá pelo fato da caatinga ser o bioma mais vulnerável às mudanças climáticas. Na fauna, a região abriga uma grande população de onças pintadas, fato antes desconhecido na Caatinga,além de espécies quase extintas desse bioma, a exemplo da ararinha-azul-de-Lear, o tatu-bola, porco do mato-queixada, o tamanduá-bandeira.

Segundo parecer técnico, “a região possui uma das maiores formações de serras do Nordeste, de destacada biodiversidade, alto endemismo e beleza cênica. Dentro dos seus limites ocorrem espécies de plantas e animais endêmicas e ameaçadas de extinção, sítios de pinturas rupestres, bem como alta concentração de cavernas, e locais de grande beleza cênica. Dentre estas, a Toca da Boa Vista é a maior gruta do hemisfério sul, com 107 km de extensão”. A criação de uma unidade de conservação não apenas garantiria as condições para preservação da biodiversidade, como pode fomentar práticas de ecoturismo, com características diferenciadas e despertar o interesse internacional, além de gerar emprego e renda para uma população, que vive isolada e com baixas condições de desenvolvimento.

Segue abaixo o manifesto que está sendo lançado pelo conjunto de organizações não-governamentais.

MANIFESTO PARA A PROTEÇÃO DE BOQUEIRÃO DA ONÇA

NA RIO+20

Ilma. Sra Presidenta Dilma Roussef

Ilmo. Sr. Chefe de Gabinete da Presidência da República Gilberto Carvalho

Ilma. Sra Ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira

Ilmo. Sr. Governador da Bahia Jaques Wagner

As organizações que assinam este manifesto vêm, por meio desta, solicitar prioridade do governo para a criação de unidades de conservação na caatinga, cumprindo as metas assumidas internacionalmente pelo governo brasileiro para proteção deste bioma.

As vésperas da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável – Rio+20, destacamos que a Caatinga está entre os biomas menos protegidos do Brasil e um dos primeiros a sentir os efeitos das mudanças climáticas globais, com repetidas secas e várias áreas em processo de desertificação.

Na Bahia, a criação do conjunto de unidades de conservação Parque Nacional do Boqueirão da Onça e Monumento Natural da Toca da Boa Vista vai reduzir significativamente a lacuna de proteção na caatinga, ampliando em 36% a área de proteção integral do bioma. Estas áreas estão com estudos técnicos concluídos, consultas públicas realizadas e foram exaustivamente discutidas e aprimoradas com o Governo da Bahia, o Governo Federal, setores econômicos e movimentos sociais, na busca do equilíbrio entre a conservação de um dos maiores fragmentos de Caatinga ainda preservados, e o necessário desenvolvimento socioeconômico de uma das regiões mais pobres do Brasil.

Vale ressaltar que as unidades de conservação propostas, além de abrigar espécies ameaçadas como a ararinha-azul e a onça pintada, sãofonte de recursos hídricos essenciais para as comunidades da região e resguardama maior gruta conhecida no hemisfério sul.

O governo tem a oportunidade de propiciar a valorização social e econômica desta região excluída, através do usosustentável das suas extraordinárias riquezas naturais, mostrando para o mundo o compromisso do Brasil com este bioma exclusivamente nacional e seu povo forte, que sofre a maior seca dos últimos 47 anos.

Logomarca Gambá

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Reserva Jequitibá – Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, Serra da Jibóia, Elísio Medrado/BA