08/02/2019
A crise como uma oportunidade de criar e implantar novos modelos de vida e produção foi a tônica da conversa que Rafael Vilela, do Mídia Ninja, mediou na última quinta (07) no Museu de Arte da Bahia. Nessa edição das Quintas Agroecológicas no Museu, a proposta era discutir como o jornalismo independente pode contribuir com a defesa da agroecologia, do meio ambiente e das populações camponesas.
Rafael contou a trajetória do Mídia Ninja e como as crises, primeiro na indústria fonográfica, depois na mídia tradicional, inspiraram a busca por novos modelos e práticas para produzir cultura, jornalismo independente e praticar ativismo. Ele conta que as primeiras pautas do coletivo de comunicadores foram ligadas à questão socioambiental antes de explodirem com os protestos de 2013. Hoje, consolidados como um canal alternativo de informação procuram repassar a experiência para aumentar o número de vozes no debate público “queremos entender as demandas e nos integrar aos movimentos na perspectiva de transferir tecnologias sociais a eles para que sejam donos de suas próprias narrativas. Não queremos ser indispensáveis”, explicou Rafael.
No debate, a militância presente ressaltou o caráter transformador da agroecologia. Foi apontado que embora seja positiva a ocupação de espaços como grandes emissoras de TV – por promoverem disseminação de informação – a “viralização” do tema não deve ser encarada de forma ingênua. Em diversas falas esteve presente a noção de que a agroecologia é intrinsecamente incompatível com o capitalismo e que tentativas de apropriação dessa pauta poderiam reduzir ou esvaziar sua potencia transformadora. As novas linguagens utilizadas para atingir e mobilizar o público também foram pauta, a conclusão geral é que a identificação do público com causas e com atores do debate político tem passado muito mais pela emoção do que pela razão.
Quintas Agroecológicas
O evento Quintas Agroecológicas no Museu surgiu em setembro de 2018 como um espaço de troca e aprendizado sobre agroecologia e sustentabilidade. Realizadas no Museu de Arte da Bahia, no corredor da Vitória, a iniciativa mensal da Cooperativa Redemoinho acontece depois feira de produtos orgânicos que tem acontecido todas as quintas pela tarde.
O projeto Redemoinho: Economia Solidária e Agroecologia na cidade é uma das 10 iniciativas selecionadas em Salvador pelo edital Casa Cidades. Com financiamento do Fundo Socioambiental e apoio da Oak Foundation, os projetos são articulados localmente pelo Gambá com o objetivo de criar uma rede de coletivos pensando o espaço urbano de forma solidária e sustentável.
O projeto sendo executado pela Redemoinho está fortalecendo 3 feiras agroecológicas e procurando aumentar a cultura do consumo consciente e solidário. Convidando a população a consumir produtos sem venenos, produzidos com cuidado com o meio ambiente e negociados de forma justa para todos os elos da cadeia.
Feiras Agroeológicas da Redemoinho
UNEB – Quinta a partir das 9h
Museu de Arte da Bahia – Quinta a partir das 15h
UFBA – Sexta a partir das 9h