Resiliências Climáticas apresenta resultados da Formação em Análise e Gestão de Dados Socioambientais

24/02/2023

Entre setembro e novembro de 22, o projeto Resiliências Climáticas realizou a Formação em Análise e Gestão de Dados Socioambientais. A caravana percorreu os quatro biomas do projeto em uma jornada junto às comunidades. Chegou a hora de apresentar os resultados dessa experiência para você!

Como tudo aconteceu

Todo o projeto é norteado com base na construção coletiva. Assim, além de toda bagagem técnico-acadêmica das universidades parceiras e o conhecimento das comunidades identificadas nas Rotas do Projeto, o processo de construção metodológica, a definição dos procedimentos didáticos específicos e toda a condução, se deu sempre de forma compartilhada e consensual, elaborada passo-a-passo, por meio de reuniões e construções paralelas do Conselho Gestor, disposto em forma de Grupos de Trabalho Territorial.Cada Grupo de Trabalho Territorial definiu as atividades e procedimentos específicos, juntamente com a coordenação do projeto, respeitando a dinâmica e realidade local frente sua sensibilidade diante dos temas propostos. O grande desafio foi criar um processo que trouxesse para a compreensão comunitária, o universo dos dados espaciais que traduzem a realidade vivida e que são balizadores dos instrumentos de planejamento e gestão territorial.

Inicialmente, foi construído um Plano de Ensino Geral na instância do Comitê Gestor do Projeto. Este plano considerou, a partir das coletas de resultados das Rotas do Projeto (atividade anterior), todas as especificidades sociais, ambientais e seus conflitos identificados até então.Vale destacar o quão valioso foi o desenvolvimento de um processo de diálogo interdisciplinar e inter-universitário, em que foi possível trocar perspectivas multitemáticas de pontos específicos, contextualizando o plano por cada território. A dinâmica de construção se deu intercalando encontros coletivos para intercâmbio de conhecimento e troca de metodologias complementares vindas da experiência dos professores das universidades parceiras:

UFBA – Universidade Federal da Bahia

UFOB – Universidade Federal do Oeste da Bahia

UFRB – Universidades Federais do Recôncavo da Bahia

UNEB – Universidade do Estado da Bahia

UNIVASF – Universidade do Vale do São Francisco

Quem participou

Ainda retomando os resultados da atividade preliminar definida como Rotas do Projeto, foram identificadas e selecionadas as comunidades que representam a diversidade dos grupos originários estabelecidos em cada um dos quatro territórios do projeto. Desse universo, quase 133 pessoas participaram – agora das atividades formativas -, onde contabilizou-se aproximadamente 40% homens e 60% mulheres.

De forma específica: 30 pessoas pertencentes a Resex do Iguape/Bioma Marinho Costeiro, 41 ao PE Morro de Chapéu/Bioma Caatinga; 29 Apa do Rio de Janeiro/Bioma Cerrado), e 33 pessoas da Serra da Jibóia.

O grupo se caracteriza por representantes de comunidades de fundo e fecho de pasto, comunidades extrativistas e quilombos. Além dos participantes jovens e da forte presença de mulheres, contabilizou-se também a presença de anciões que trouxeram riqueza de informações para resgate do histórico de ocupação, bem como o universo cultural e socioeconômico das comunidades e sua transformação frente às mudanças no clima e no território.

A metodologia

Cada vez mais o projeto consolida o entendimento de que os territórios de intervenção da ação são locais de alto valor ambiental, cujo desequilíbrio socioambiental é agravado pelos efeitos da mudança do clima e por práticas econômicas que afetam o meio ambiente e os direitos dos povos locais.Em contraponto, nesses territórios, os povos tradicionais desenvolveram ao longo do tempo de permanência práticas de usos dos recursos naturais, baseados na agroecologia e na diversidade de culturas, coleta de produtos florestais não madeireiros e marinhos, cuja eficácia e importância para a conservação dos ecossistemas, a mitigação e adaptação às mudanças climáticas são, muitas vezes, ignoradas por parte dos órgãos públicos. Por isso, o projeto tem identificado a urgência de resgatar e proteger o valor dessas práticas, além de valorizar as oportunidades que elas trazem para o detalhamento das políticas públicas.

Neste sentido, metodologicamente, a atividade de Formação em Análise e Gestão de Dados Socioambientais ofereceu maior compreensão sobre os instrumentos de gestão territorial e o universo dos dados de verificação. Apresentou-se também os fóruns existentes que constroem o planejamento nos temas pertinentes às mudanças climáticas. O Plano de Ensino contou com 5 módulos onde os conteúdos foram distribuídos em módulos, sendo:

1) Módulo Comunidade;

2) Módulo Ambientes;

3) Módulo Interações;

4) Módulo Planejamento;

5) Módulo Incidência.

Na prática

Na prática, os representantes das comunidades tradicionais aprenderam o manuseio de aplicativos e programas de georreferenciamento, e tiveram contatos com plataformas de dados. Esta ação permitiu gerar fotos georreferenciadas e coletar informações georreferenciados de locais relevantes para as comunidades, incluindo dados sobre solo, áreas desmatadas, nascentes, conflitos, entre outros.

Em síntese, foram conectados aprendizados para observação do território na perspectiva dos diferentes componentes e, assim, ter a possibilidade de acessar plataformas de sistemas de informações geográficas (sigs e websigs) e bases de dados alfanuméricos e geográficos, que possuem interface direta com instrumentos de planejamento e gestão transversais aos temas das mudanças climáticas (territorialidade; histórico e mudança de uso da terra; modelos de produção e desenvolvimento; grandes intervenções e instrumentos de gestão (empreendimentos energéticos, agroindustriais, dentre outros); impacto socioambientais e remediação; outras fontes de indicadores e bases de dados socioambientais relevantes para a leitura crítica e participação nos instrumentos de da gestão territorial.

Entre os principais programas utilizados, registramos: MapBiomas, Tô no Mapa, Igeo, Queimadas, Sport Lens, GeoBahia, Portaldemapas.

Além do aprendizado tecnológico, cada território alcançou resultados particulares quanto aos módulos da metodologia como, por exemplo, no território da APA Bacia do Rio de Janeiro que foi identificado alteração no ciclo de chuva , prejudicando a colheita das famílias gerazeiras, como sendo uma principais ameaças para o equilíbrio do desenvolvimento e a garantia das condições físicas e bióticas. Ao mesmo tempo, foi identificado a promoção de práticas agroecológicas como oportunidade para perpetuação do equilíbrio sistêmico mencionado.

Para ter acesso aos resultados, clique no link abaixo e faça o download das informações por território.

https://www.gamba.org.br/wp-content/uploads/2023/02/Resultaco-completo-formacao-em-analise-e-gestao-de-dados.pdf

Alguns dos participantes foram entrevistados para que pudessem compartilhar os resultados da formação, como o da Josiane Serafim, de Morro do Chapéu que ressalta:

“A partir de agora, você se sente mais obrigada a proteger ainda mais a floresta.”

Com as falas dos participantes, o projeto Resiliências Climáticas criou um vídeo que retrata um pouco da experiência em campo. Clique no link do vídeo abaixo e assista o conteúdo na íntegra:

https://www.youtube.com/watch?v=ilKvWAtkTpo&feature=youtu.be

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