13/10/2021
Depois de seis anos inativo, o subcomitê do Recôncavo Sul Baiano volta a se organizar para fazer a gestão mais próxima da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA) na região. No último dia 30, o subcomitê realizou sua terceira reunião desde a reinstalação e começou a delinear um plano de ação para 2021 e 2022. Ações de educação ambiental, monitoramento dos remanescentes florestais, de atividades turísticas e estímulo à criação de Unidades de Conservação devem ser a tônica do trabalho. A RBMA é um programa da ONU que visa envolver e integrar a sociedade e poder público no cuidado com o bioma, ele se organiza nas instâncias nacional, estadual e regional.
“Acredito que a reativação do Subcomitê Recôncavo Sul da RBMA é uma estratégia muito importante para dar maior capilaridade às ações do Comitê Estadual. A Bahia tem uma área territorial imensa e muitos problemas relacionados à conservação da Mata Atlântica e de sua biodiversidade, então é quase que impossível abranger as especificidades de todas as regiões sem uma gestão participativa. Os subcomitês possibilitam essa descentralização”, analisa a secretária adjunta Arielle Caiena.
Renato Cunha, coordenador executivo do Gambá, relata que a iniciativa de reativação do subcomitê, que estava sem se reunir desde 2015, surgiu a partir da reinstalação do Comitê Estadual da RBMA. “Uma das propostas, no final de 2020, foi a reativação dos subcomitês. Somente o do litoral norte vem funcionando. Dos subcomitês (Extremo Sul, Sul, Baixo Sul e Recôncavo Sul), o primeiro a ser reativado foi o do Recôncavo Sul. Desde o início do ano estamos articulando até conseguir identificar os membros”, conta Renato.
“O Recôncavo Sul ainda tem muitos remanescentes florestais, mas poucas Unidades de Conservação, muitos conflitos em áreas protegidas e inúmeros problemas de uso e ocupação territorial, então com o subcomitê ativo, podemos identificar os problemas mais de perto e agir de uma forma mais detalhada e condizente com as realidades regionais. Nossa expectativa é grande e estamos trabalhando com força e dedicação para atingi-la”, resume Arielle Caiena.
Com seis membros do poder público e seis da sociedade civil o subcomitê já realizou a aprovação do Regimento Interno e definiu como secretário executivo Matheus Oliveira de Andrade, representante da RPPN Guariru; a representante da Associação Ambiental Guariru, Arielle Caiena, como secretária adjunta e João Guilherme Bittencourt Silva, do Grupo Gana, como relator.
Além da RPPN Guariru, Associação Ambiental Guariru e Grupo Gana, compõem o subcomitê, representando a sociedade civil, o Gambá, a Associação de Ciclismo e Mobilização Ambiental (ACEMA) e a UNEB/UFRB. Pelo poder público, estão representadas a Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente de Castro Alves, a Secretaria de Meio Ambiente de Amargosa, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente de Santo Antônio de Jesus, a Escola Estadual Pedro Calmon (Amargosa), a Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente de Elísio Medrado e a Secretaria de Agricultura Turismo e Meio Ambiente de Jiquiriçá.
Entre as primeiras ações elencadas para o trabalho do biênio, uma das mais urgentes e unânimes é cobrar da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Inema a criação das Unidades de Conservação propostas para a Serra da Jiboia. Um estudo realizado pela UFRB e Gambá recomendou a criação de um mosaico de UCs neste que é um dos últimos remanescentes florestais da região, mas as providências para implementação das UCs não vêm sendo tomadas.
A professora Lilian Conceição Santos, atuante no subcomitê desde sua criação, em 2010, ressalta a importância de atuar na educação. “É uma demanda urgente, os trabalhos voltados para a educação ambiental. A gente sabe que ela é um fator de mudança social importantíssimo e precisamos dar nossa contribuição ao processo emancipatório desses sujeitos que vivem e fazem do Recôncavo Sul seu espaço de vida. Precisamos atuar de maneira crítica e reflexiva sobre as questões que têm se apresentado por aqui”, explica ela, que é representante da Escola Estadual Pedro Calmon, de Amargosa.
O que é a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica?
Reserva da Biosfera é um título conferido à Mata Atlântica pela Unesco que ressalta a importância do bioma para a comunidade global. Esse instrumento foi criado na Conferência sobre a Biosfera, em 1968, e busca aumentar a participação na gestão e conservação do bioma, promoção da pesquisa cooperativa, a conservação do patrimônio natural e cultural e a promoção do desenvolvimento sustentável.
A construção e avaliação periódica do plano de trabalho da Reserva a nível nacional é responsabilidade do Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e, nos estados, pelos comitês estaduais. Já os subcomitês são instâncias regionais que buscam reunir atores sociais atentos às especificidades da conservação a nível local.