UEFS e UFBA promovem encontro nacional de pesquisa em educação ambiental marcado pela inclusão

13/05/2023

Foto de encerramento com os participantes do XI Enea e a tela em homenagem ao professor Carlos Brandão.

Após 4 anos de hiato, o Encontro de Pesquisa em Educação Ambiental, voltou a reunir pesquisadores e “fazedores” de educação ambiental de todo o país – e desta vez em Salvador. O XI EPEA aconteceu entre os dias 7 e 10 de maio na UFBA, que organizou a edição junto à Universidade Estadual de Feira de Santana. Além da apresentação dos trabalhos científicos, uma oportunidade de ver as tendências das pesquisas na área, também houve espaços para apresentar e planejar iniciativas de articulação política como a plataforma Monitora EA, da ANPPEA, e a proposta de criação de um centro estadual de educação socioambiental. 

Para Zanna Matos, professora da Universidade Estadual de Feira de Santana e uma das coordenadoras do evento, a edição realizada em Salvador foi marcada pela maior inclusão de atores dos movimentos sociais, comunidades tradicionais e povos originários nas discussões e apresentações. “Em termos quantitativos, essa edição teve um grande número de trabalhos no grupo de pesquisa de Culturas, interculturalidade e decolonialidade. Foi uma coisa bem impressionante, os coordenadores ficaram entusiasmados porque foram 31 trabalhos inscritos. Os outros tinham em média 15, 17, alguns tinham 10”, avalia Zanna.

Ela explica que as comunidades e movimentos sociais não estiveram representados como objetos de pesquisa, e sim como pesquisadores e conferencistas. Edson Kayapó, do povo Kayapó, Elionice Sacramento, quilombola de Salinas das Margaridas, e Kelli Mafort, militante do MST atualmente na Secretaria Geral da Presidência, ofereceram conferências ao longo dos 4 dias de evento trazendo um olhar externo à academia para o encontro. “Este foi um grande avanço que tivemos nesta edição. Já era uma grande inquietação nossa de não enxergar no EPEA as pesquisas que estão acontecendo pelos atores e atrizes que são pesquisadores mas que são de e vivem em comunidades tradicionais, dos espaços que estão mais relacionados com os movimentos sociais. Nesta edição colocamos esse entendimento de que as pessoas destas comunidades também constroem conhecimento. Elas não têm só o saber, eles constroem pesquisa, conhecimentos e precisam estar neste diálogo”, avalia Zanna.

Articulação a nível estadual

Além dos espaços para pesquisadores, uma iniciativa proposta pelo educador ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Marcos Sorrentino, teve espaço para articulação durante o encontro. A ideia é criar um centro de educação socioambiental na Bahia para fortalecer e aumentar a capilarização de práticas de educação ambiental nos 27 territórios de identidade do estado. 

“As pessoas estão muito animadas para retomar uma articulação da educação ambiental no estado como um todo. O centro iria nesse sentido de articular iniciativas que já existem no estado e fazer com que essa instância dê apoio, vá atrás de recursos para viabilizar atividades de formação. Isso é muito importante” explica Lilite Cintra, representante do Gambá na Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental e na Rede de Educação Ambiental da Bahia.

Essa articulação, provisoriamente sendo definida como um centro, ainda não tem nome nem estrutura definidos, mas o encontro realizado durante o EPEA foi importante para agregar novos atores ao processo de construção. Estiveram presentes e aderiram à construção representantes do poder público estadual e também de municípios, diversos movimentos sociais e organizações da sociedade civil. Foram criados dois grupos de trabalho para pensar o conceito e a operacionalização para articular novos passos.

Homenagens a educadores

O EPEA também realizou uma série de homenagens a educadores ambientais que ajudaram a construir a disciplina no Brasil e na Bahia. A professora Michele Sato, integrante do EPEA que não pode estar presente por problemas de saúde e a referência no campo da biologia Miriam Krasilchik foram lembradas e tiveram suas trajetórias saudadas nos dois primeiros dias. 

No dia 10, encerramento do evento, ocorreu uma homenagem a Carlos Rodrigues Brandão, educador popular que atuou junto à Paulo Freire. O antropólogo da Unicamp voltou-se ao campo da educação ambiental, com contribuições valiosas no estudo da cultura e religiosidade rural. Para marcar o agradecimento a suas contribuições jovens e crianças do Centro de apoio aos filhos e filhas de marisqueiras de Ilha de Maré pintaram ao longo do dia uma tela dedicada a Brandão. Os fazeres tradicionais da pesca vivenciados no Quilombo das Bananeiras, elementos da natureza e a construção de conhecimento coletivo coabitam a pintura elaborada pelos jovens, servindo como uma boa síntese visual dos objetivos alcançadas pela edição baiana do EPEA.

Logomarca Gambá

Av. Juracy Magalhães Jr, 768, Edf. RV Center, sala 102, Rio Vermelho, Salvador/Ba. Tel/fax: 71- 3346-5965

Reserva Jequitibá – Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, Serra da Jibóia, Elísio Medrado/BA