Em 1990, o Gambá cria junto com outras entidades ambientais a campanha para impedir a implantação do projeto de exploração e beneficiamento de urânio no município de Caetité: “Lugar de Urânio é Debaixo da Terra”. O objetivo era informar a sociedade sobre os perigos que a exploração de urânio representa. O projeto foi implantado no final da década de 90, mas o Gambá pôde contribuir, em níveis local e nacional, para o amplo debate sobre o tema e continua atento ao processo, acompanhando de perto as atividades do empreendimento e também mantendo contato com representantes dos trabalhadores do Complexo Uranífero Minero-Industrial de Lagoa Real e da comunidade local.
Em 1992 o Gambá participou de dois eventos internacionais que fez reforçar as posições e articulações nesta questão. Em Salzburg, Áustria, participou da Audiência Mundial sobre Urânio, onde ocorreram depoimentos de populações atingidas por explorações de urânio em vários países de todos os continentes. O Gambá relatou o trabalho desenvolvido contra a exploração da mina de Caetité. Em Berlin, Alemanha, participou da Conferência Internacional sobre Contaminação Radioativa, quando foi informado da existência no mundo de cerca de 30 milhões de pessoas contaminadas por radioatividade. O Gambá fez um relato do Programa Nuclear Brasileiro e do acidente do césio ocorrido em Goiânia.
O Gambá é totalmente contra a construção da Usina Nuclear Angra 3. Juntamente com o Grupo de Trabalho de Energia do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, FBOMS, formado por cerca de 30 instituições, desenvolve campanha que repudia a idéia. O Brasil poderia estar na vanguarda do desenvolvimento limpo se investisse em energias renováveis como a solar, a biomassa e a eólica, além de trabalhar pelo uso racional de energia.
A expansão do Programa Nuclear Brasileiro é fruto da idéia errônea de que a energia nuclear pode combater o aquecimento global. No entanto, o risco de acidentes nucleares graves, cresce à medida que aumenta o número de usinas. Sem falar que o lixo radioativo, em todo mundo, continua sem uma solução adequada e definitiva. Os custos para a construção da usina nuclear poderiam ser direcionados para a construção de um parque eólico, com o dobro da potência, gerando 32 vezes mais empregos, sem produzir lixo radioativo ou sem colocar a população em risco.